Mediunidade

Mediunidade é uma sensibilidade existente em todos os seres vivos, tornando-os suscetíveis de receber influências das dimensões espirituais. No ser humano, apresenta-se mais complexa. Em alguns casos e em certas condições pode ser utilizada como elo de ligação entre o mundo físico e o mundo espiritual. Apresenta-se através de fenômenos de efeitos intelectuais (psicografia, psicofonia, clarividência, clariaudiência, etc) ou efeitos físicos (batidas, movimento de objetos, materializações, fenômenos de voz direta, etc). A mediunidade não é exclusividade do espiritismo e existe desde todos os tempos. Essa faculdade humana, ainda ignorada e rejeitada, tem sido o alicerce de todas as religiões, através de revelações, visões, curas, precognições (profecias), e outras fenomenologias.

Médium
Allan Kardec apresenta a seguinte definição: "Toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos é por isso mesmo médium". Embora todos sejamos dotados de diferentes graus de sensibilidade mediúnica, o codificador definiu como médium somente a pessoa capaz de produzir fenômenos ostensivos através de suas faculdades.

Contato mediúnico
É perfeitamente natural que nos comuniquemos com os espíritos desencarnados e eles conosco, uma vez que também somos espíritos, embora estejamos encarnados. Essa comunicação se estabelece em níveis mental-emocional e dentro dos princípios da lei de sintonia.

Como educar a mediunidade e para quê
O espiritismo, cujos moldes são propostos por Allan Kardec, eleva a mediunidade à categoria de missão, uma importante forma de auxílio espiritual e crescimento interior. Portanto, implica na permanente reeducação dos sentimentos e na moralização do médium. Mediunidade não é uma aventura psíquica e sua prática inadequada está sujeita a graves dissabores, caso não sejam observadas ou conhecidas suas leis.

A correta educação mediúnica se dá com segurança através do estudo das obras de Allan Kardec (sobretudo O Livro dos Médiuns), numa casa espírita idônea, devidamente preparada para tal, que possua um ou mais grupos de estudos mediúnicos compostos por pessoas sérias, desinteressadas e harmonizadas, tendo por orientadores instrutores preparados e experientes no assunto.

Mediunidade não é privilégio
Possuir sensibilidade mediúnica não implica em ser privilegiado nem ser mais evoluído, pois essa faculdade é independe das condições morais do indivíduo. Por essa razão, freqüentemente encontramos pessoas de moral duvidosa dotadas com expressivas possibilidades mediúnicas, enquanto outras, de conduta irrepreensível e dedicadas a Deus, mas incapazes de produzirem o menor fenômeno.

Conforme pesquisou e concluiu Allan Kardec, a faculdade mediúnica é proveniente de uma disposição orgânica existente entre as ligações do corpo físico com o perispírito.

Obstáculos que dificultam a prática da mediunidade
O maior obstáculo é a ignorância ou o desconhecimento de suas leis. Disso resulta sua utilização incorreta e irresponsável, trazendo prejuízos e dissabores ao próprio médium e a quem lhe recorre às faculdades. Nessa categoria estão os pretensos “resolvem tudo”, pessoas de índole fanática, os adivinhadores ou ledores de sorte, os ideologicamente fascinados, etc.
Outro inconveniente é o fato de todo médium iniciante receber impressões desagradáveis de espíritos inferiores, em função de sua insegurança e inexperiência.

Educação e moralização mediúnica
O correto exercício da mediunidade faculta o intercâmbio racional e produtivo entre a humanidade física e a espiritual, desdobrando amplamente os conceitos de fraternidade e solidariedade.

Assim, o médium educado e moralizado, consciente das reais finalidades de seus dons, torna-se precioso instrumento de auxílio e esclarecimento. Por seu intermédio, permite que os bons espíritos desencarnados enviem mensagens esclarecedoras, ao mesmo tempo em que auxilia e ameniza aflições de entidades espirituais em desequilíbrio e sofrimento.

Com sua percepção equilibrada pelo estudo e pelo esforço no Bem, o canal mediúnico passa a ser importante via de acesso e discernimento com o mundo invisível.

A educação mediúnica, orientada pela codificação kardequiana, adestra o médium a perceber, classificar e direcionar as impressões positivas ou negativas recebidas. Aproveitando as boas sugestões e refutando as más, põe-se, com segurança, a caminho do progresso.

Ao contrário, todo médium negligente, descuidado do labor de sua auto-edificação, torna-se presa fácil dos espíritos inferiores, causando prejuízos a quem lhe recorre às faculdades, além de perder significativa oportunidade de redenção e elevação, pois compromete-se com as leis divinas.

Influência moral do médium nas comunicações
Conforme orienta Allan Kardec, "os Espíritos que nos cercam não são passivos: formam uma população essencialmente inquieta, que pensa e age sem cessar, que nos influencia, mal grado nosso, que nos excita e nos dissuade, que nos impulsiona para o bem ou para o mal, o que não nos tira o livre arbítrio mais que os bons ou maus conselhos que recebemos de nossos semelhantes. Entretanto, quando os Espíritos imperfeitos solicitam alguém a fazer uma coisa má, sabem eles muito bem a quem se dirigem e não vão perder o tempo onde vêem que serão mal recebidos; eles nos excitam conforme as nossas inclinações ou conforme os germens que em nós vêem e segundo as nossas disposições para os escutar. Eis porque o homem firme nos princípios do bem não lhes serve de presa".

Influência do meio sobre as comunicações
Os espíritos elevados jamais se apresentam em reuniões frívolas, motivadas por interesses mesquinhos e imediatistas, onde os participantes não se acham animados por intenções sérias e sublimes.

Portanto, para estabelecer contato com a espiritualidade superior, são necessárias intenções puras e uma reta conduta moral.
Qual outro motivo faria um espírito elevado ocupar-se em comunicar-se conosco, senão pela pureza de nossos propósitos e a moralidade de nossa conduta?

Somos forçados a reconhecer a gravidade e a responsabilidade que cabe a todo grupo e a toda sociedade que se propõe a praticar trabalhos de intercâmbio. E a considerar, também, porque são tão poucas as pessoas, grupos e sociedades, realmente eficientes, nessa difícil e tão nobre prática de aquisição e propagação do bem.

A Mediunidade no Espiritismo
Com o passar do tempo, grupos religiosos, já afastados dos princípios sublimes do cristianismo primitivo, tentaram proibir novamente o intercâmbio mediúnico, dizendo ser obra do demônio, perseguindo médiuns de boa procedência e acusando-os de bruxaria e feitiçaria.

Mas a sensibilidade já se desenvolvera na espécie humana e a mediunidade se generalizara, tornando-se impossível conter a manifestação dos espíritos por toda parte.

Vem, então, o espiritismo, dando sentido e orientação precisa à mediunidade, apresentando-a como valioso instrumento de espiritualização do ser humano. Através de Allan Kardec, fica estabelecida sua finalidade superior e os meios seguros para o seu desenvolvimento e sua prática.

Conclusão
A mediunidade jamais foi e será um privilégio do espiritismo, pois ela existe e se manifesta em indivíduos de todas as religiões e até mesmo naquele que não as professam. As manifestações mediúnicas podem ser encontradas desde as eras primitivas, nos registros das escrituras sagradas de todos os povos (inclusive a Bíblia), nos atuais trabalhos da umbanda, nos cultos afros, nos grupos de cunho esotérico e místicos, ou mesmo nas práticas evangélicas ou carismáticas. Também a encontramos na magia negra, nos rituais satânicos, nas confrarias que arquitetam e espalham o terror, etc.

Médium significa ser intermediário, estar no meio de atuações de forças espirituais (benéficas ou nocivas) e a elas responder, de acordo com seu livre-arbítrio, consciente ou inconscientemente, à sintonia estabelecida.

Pela distorção com que a mídia sensacionalista apresenta certas pessoas se auto-intitulando "médiuns" e "espíritas", muitos acreditam que o estudo esclarecedor que o espiritismo oferece sobre a fenomenologia mediúnica pode ser perigoso ao indivíduo. Mas é justamente o contrário. O perigo está em ser desconhecedor das leis espirituais que regem nosso ser, sendo a faculdade mediúnica um de seus mais expressivos atributos.

Quem com seriedade e sem preconceito estudou e meditou sobre O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, sabe muito bem disso.

A mediunidade é uma potencialidade de todo ser humano. Sob sua influência, sem que o saibamos, adotamos pensamentos, sentimentos, condutas e praticamos ações, porque as dimensões físicas e espirituais se interpenetram, influenciam e interagem.

Pela sintonia mental-emocional, que acontece de forma natural e espontânea, nossa mente a todo instante é bombardeada por idéias, impressões, pressentimentos ou mesmo intuições, que são sempre aceitas ou não em função de nosso livre-arbítrio. Esse bombardear psíquico se dá pela influenciação das humanidades física (encarnada) e espiritual (desencarnada).

Por isso, a eclosão da mediunidade não depende de classe social, idade, religião, raça ou sexo.

O espiritismo elevou a mediunidade à categoria de missão, pois nela reconhece um convite divino para a reavaliação e conseqüente renovação de nossa jornada espiritual na Terra. Ao educar a sua mediunidade, o médium nada mais faz do que reeducar seus pensamentos e sentimentos para o bem e o altruísmo incondicional.

O objetivo maior da prática mediúnica no espiritismo é persuadir o ser humano para que seja, no decorrer do aprendizado evolutivo, médium de sua natureza divina.

Por esse motivo, os espíritos benfeitores que assistiram a Allan Kardec, definiram Jesus como sendo o médium de Deus, por ser ele o maior dispensador da graça divina que já passou pelo nosso mundo.

E foi o próprio Cristo, quem mais alto sacramentou a excelência da mediunidade indicando-a, pelo próprio exemplo, como meta suprema para a sintonia perfeita, ao proferir: "As obras que eu faço, não sou eu que as faço. É o Pai em mim que faz as obras. De mim mesmo, eu nada posso fazer".

Fonte: http://www.consciesp.org.br/?pg=mediunidade_o_que_e
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Obras consultadas e sugeridas:

O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, Federação Espírita Brasileira
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Federação Espírita Brasileira
Mediunidade (Vida e Comunicação), J. Herculano Pires, Edicel.
Mediunidade, Tire suas Dúvidas, Luiz Gonzaga Pinheiro, EME Editora.
Mediunidade: Caminho Para Ser Feliz, Suely Caldas Schubert, editora Didier.

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