Allan Kardec



Allan Kardec

Denizard-Hippolyte Léon Rivail que mais tarde se celebrizou sob o pseudônimo de Allan Kardec, nasceu numa família católica, em 3 de outubro de 1804, na França, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail, juiz, e de Jeanne Louíse Duhamel, sua esposa, domiciliados em Lião, Rua Sala, 76.

Foi educado por uma família severa, que primava pela justiça e honestidade.

Os primeiro
s estudos foram realizados em Lião. Em 1814, Rivail com 10 anos, segue para Suíça, com o objetivo de estudar no já famoso, Instituto Pestalozzi, estabelecimento escolar de Yverdun, administrado por Jean Henri Pestalozzi um suíço de Zurique, que estudou línguas estrangeiras e a partir dos 18 anos, dedicou-se à Teologia e logo depois à Jurisprudência. Ao tomar conhecimento da obra de Jean Jacques Rousseau, publicada em 1762, o romance pedagógico Émile, Pestalozzi assimila as teorias sobre a "natureza do homem, corrompida pela sociedade", e se convence que a "a civilização será um contra-senso, por ser contrária à natureza", e é com esse pensamento que educa, levando em consideração a espontaneidade natural do ser humano.

Abaixo
, destacamos os seis princípios que estão na base do sistema Pestalozziano, segundo Rivail:
"1. Cultivar o espírito natural de observação das crianças, chamando-lhe a atenção para os objetos que os rodeiam;
2. Cultivar-lhes a inteligência, seguindo uma marcha que possibilite ao aluno descobrir, por si próprio, as regras;
3. Proce
der sempre do conhecido ao desconhecido, do simples ao composto;
4. Evitar toda atitude mecânica, fazendo com que a criança compreenda o alvo e a razão de tudo o que faz;
5. Fazer com que a criança "apalpe", com os dedos e com a vista, todas as verdades;
6. Confiar à memória somente aquilo que já foi captado pela inteligência ".

Cogit
a-se da possibilidade de Rivail, com 14 anos, haver substituído Pestalozzi quando o mestre era chamado à Europa, com o objetivo de fundar institutos semelhantes ao de Yverdun. Naquela época, um jovem de 15 ou 16 anos já era bacharel(1).

Como pedagogo, publica numerosos livros didáticos, apresenta planos, métodos e projetos aos deputados, aos governos e as universidades, referentes à reforma do ensino francês, deixando evidente nestas obras ser ele discípulo de Pestalozzi.

Sua primeira obra é publicada em 1824, trata-se do Curso Prático e Teórico de Aritmética, em 1828 é a vez do Plano Para a Melhoria da Educação Pública, época em que também era diretor do Instituto da Academia de Paris e membro de várias sociedades científicas. Fundou também, em Paris, o Instituto Técnico Rivail, um estabelecimento semelhante ao de Pestalozzi onde utilizou seu método. Em 1831 publica uma Gramática Francesa Clássica, época em que a Real Academia de Ciências Arras premiou seu Memorial e que também conhecera a Srta. Amélie- Grabielle Boudet, professora, nascida em 23.11.1795, com quem se casa um ano mais tarde, ou seja, em 6 de fevereiro de 1832 e foram morar no Instituto Rivail, à Rua de Sévres, 35. O Instituto não durou muito tempo, pois, seu financiador, um tio de Denizard, era um apaixonado pelo jogo, no qual perdeu grandes somas e obrigou-lhe a promover a liquidação do Instituto. Daí em diante ele passou a fazer a contabilidade de três firmas, ganhando aproximadamente sete mil francos por ano. Á noite escrevia gramáticas e volumes de estudos pedagógicos, além de fazer traduções de livros ingleses e alemães, com a ajuda de Lévy Alvarés, que colaborou também com a Gramática Normal dos Exames; Pelo método de Pestalozzi escreveu o Curso de Cálculo de Cabeça, escreveu ainda o Tratado de Aritmética (3.000 exercícios e problemas graduados), único que continha o método adotado pelo comércio e pelos bancos para o cálculo de juros, o Questionário Gramatical, Literário e Filosófico, o Manual dos Exames para os Certificados de Habilitação, o Catecismo Gramatical da Língua Francesa em 1848, Soluções Racionais das Perguntas e dos Problemas de Aritmética e de Geometria Usual, Solução dos Exercícios e Problemas do Tratado Completo de Aritmética.

Rivail organiza, em casa, cursos gratuitos de química, de física, de astronomia, de anatomia comparada, de tudo, que não pudera ensinar em seu Instituto, e depois volta a lecionar fora, como Professor do Liceu Polimático, e escreve por fim mais duas obras: Ditados Normais dos Exames do Hotel de Ville e da Sorbonne e Ditados Especiais sobre as Dificuldades Ortográficas.

Em 1854, Rivail ouve falar pela primeira vez das mesas girantes, através do Sr Fortier, magnetizador, com o qual entrara em relações para seus estudos sobre o magnetismo. Fortier diz-lhe: "Eis uma coisa mais do que extraordinária: não somente magnetizam uma mesa, fazendo-a girar, mas também a fazem falar; perguntam coisas e a mesa responde". Rivail replica: "Isto é outra questão: acreditarei quando puder ver com os meus próprios olhos e quando me provarem que uma mesa tem um cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tornar-se sonâmbula: por enquanto, seja-me permitido dizer que tudo isso me parece um conto para fazer dormir em pé".

Rivail mostrou-se céptico, mas não intransigente, face à sua posição de livre pensador, de homem austero, sincero e observador. Exigindo provas, mostrou-se inclinado à observação profunda dos ruidosos fatos amplamente divulgados pela imprensa francesa.

No começo de 1855, ouve falar pela primeira vez da intervenção dos espíritos.

Foi o Sr Carlotti, amigo de vinte e cinco anos que lhe prestara esta informação, falando com entusiasmo por mais de uma hora. Em maio deste mesmo ano, na casa da Sra. Plainemaison, na Rua Grange-Bateliére, nº 18, testemunhou pela primeira vez o fenômeno das mesas girantes, assistiu também alguns ensaios de escrita mediú
nica com o auxílio de uma cesta.

Tornou-se freqüentador assíduo das reuniões na casa da família Baudin, que conhecera em uma das reuniões na casa da Sra. Plainemaison. Nesta época os Srs. Carlotti, René Tallandier (membro da Academia de Ciências), Tiedman-Manthése, o dramaturgo Victorien Sardou, bem como o editor Didier, colocam a sua disposição mais de cinqüenta cadernos, contendo as comunicações feitas pelos espíritos nos últimos cinco anos. "Entrega-se, desde então, ao estudo racional e experimental do Espiritismo, do qual irá estabelecer as bases doutrinárias e científicas".

Em 25.03.1856, Rivail faz contato com seu espírito familiar, época em que morava à Rua dos Mártires, nº 8; este espírito que se denominou de A Verdade, chamou-lhe atenção, através de pancadas contra a parede, para alguns erros dos escritos que ele fazia a respeito do seu estudo sobre os Espíritos e as manifestações.

Através da mediunidade da Sra. Japhet, em uma reunião na casa do Sr Roustan em 30.04.1856, Rivail toma conhecimento da sua missão.

Em 1857, seu espírito protetor "Z"(ou Zéfiro), informa-lhe que o conheceu numa existência anterior, na época dos Druidas, viviam nas Gálias e seu nome era Allan Kardec. Neste mesmo ano, a 18 de abril, lança a primeira edição de O Livro dos Espíritos, tido como marco inicial da codificação do Espiritismo. O prof. Rivail julgou oportuno assinar os livros com o pseudônimo Allan Kardec, tendo em vista que seu nome como pedagogo era público e ele já tinha obras publicadas ao longo de sua trajetória profissional, o que causaria certa confusão de interpretação. Usar pseudônimo não é tão incomum quanto possa parecer. Muitos escritores e poetas usavam nomes fictícios.

Para manter o público informado sobre os progressos da nova ciência e preveni-los contra os exageros da creduli
dade excessiva, como também do ceticismo, funda a Revista Espírita e em 1º de janeiro de 1858 publica o primeiro número.

Kardec tinha em sua residência, uma reunião que realizava todas as terças-feiras, cujo principal médium era a Srta. Dufaux. No local cabiam 15 a 20 pessoas, mas as vezes nele se encontravam até 30. Alguns dos freqüentadores, propuseram se cotizar com o objetivo de alugar um local mais cômodo. Alugaram então a Galeria de Valois no Palais Royal, surgindo assim a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que teve sua primeira reunião em 1º de abril de 1858.

Em 15 de janeiro de 1861, lança O Livro dos Médiuns e depois sucessivamente O Evangelho Segundo o Espiritismo abril de 1864, O Céu e o Inferno agosto de 1865 e A Gênese janeiro de 1868.
No que
tange ao método, Kardec adota o intuitivo-racionalista Pestalozziano, como processo didático defendido pelo fundador do Instituto de Yverdun, considerando todavia o valor da análise experimental. Sob tais diretrizes cultiva o espírito natural da observação, apregoando o uso do raciocínio na descoberta da verdade. Desestimula, todavia, a atitude mecânica para que o aprendiz procure sempre a razão e a finalidade de tudo. Sustenta a necessidade de proceder do simples para o complexo, do particular para o geral. Recomenda a utilização de uma memória racional, fazendo o uso da razão, para reter as idéias, de modo a evitar o processo de repetição das palavras. Procura despertar no estudo a curiosidade do observador de molde a avivar a atenção e a percepção.

O lastro contido no ensino basilar é sempre intuitivo, que Kardec considera "(...) como o fundamento geral dos nossos conhecimentos e o meio mais adequado para desenvolver as forças do Espírito humano, da maneira mais natural.(...)". Entendia Kardec que "(...) todo bom método devia partir do conhecimento dos fatos adquiridos pela observação, e pela analogia, para daí se extraírem, por indução, os resultados e se chegar a enunciados gerais que pudessem servir de base de raciocínio, dispondo-se esses materiais com ordem, sem lacuna, harmoniosamente".

Na manhã de 31 de março de 1869, em conseqüência da ruptura de um aneurisma, morre Denizard-Hipollyte Léon Rivail ou ALLAN KARDEC, seu corpo foi enterrado no cemitério de Montmartre e depois trasladado em março de 1870 para o cemitério do Père-Lachaise.


Bibliografia:
1. PENTEADO. J.R.W. A Técnica da Comunicação Humana. 12. ed. São Paulo: Pioneira, 1993.
2. AUDI. Edson. Vida e Obra de Allan Kardec. 1. ed. Niteroi. RJ: Publicações Lachatre Editora, 1999.

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